sábado, 26 de junho de 2010

Percorrendo Lecce

Lecce é maravilhosa. Da próxima vez em que eu vier à Itália, não vou passar nem perto de Roma. Desembarco direto na Puglia.
Há na cidade uma enorme profusão de monumentos barrocos, lindíssimos – e acho que seu sucesso como destino turístico deve-se, também, a alguns outros fatores conjugados. O primeiro é que o centro histórico é totalmente plano. O segundo, que ele é relativamente pequeno. Lecce é uma cidade fácil. Contribui ainda a presença de uma grande universidade, o que acrescenta uma dinâmica urbana ao lugar.
Hoje fiquei, mais uma vez, rodando, pois não tinha esgotado tudo o que desejava ver ontem. Já havia andado pela Piazza Santo Oronzo, onde fica o anfiteatro romano, talvez o monumento mais famoso daqui. Vi diversas igrejas também, mas não deu tempo de chegar à mais importante delas.
Hoje acordei cedo e fui pra rua. Comecei pelo Jardim Público de Lecce. Gente, que lugar lindo. Suuuuper bem cuidado. Um monte de criancinhas brincando, maior clima bom.
Saindo, me dirigi, aí sim, ao principal exemplar do barroco leccese: a Basílica de Santa Croce. O que é aquilo... um escândalo. Uma das coisas mais bonitas que já vi na vida. Toda em pedra calcárea, clarinha, cheia de ornamentos em relevo. Não pude entrar, pois estava fechada. Mas o lado de fora já compensa.
Andei bastante, vi uma imensidão de igrejas. Logo chegou a hora fantasma e eu verifiquei que é o melhor momento para o turista, pois tudo fica vazio, o que permite fotos sem contaminação visual de carros e/ou gente.
Fui até a igreja de San Nicolò e Cataldo, que fica dentro do cemitério da cidade, bem distante. Pessoal, parece loucura, mas o cemitério é lindooooooo!!! Esta igreja é famosíssima. Pra vocês terem uma idéia, todo mundo que vem a Lecce vai vê-la, todos os guias recomendam. A entrada é uma alameda toda ajardinada, com um imenso pórtico e, lá no fundo, uma arcada que precede o monumento.
Passei também pela Porta Napoli, na volta. É um enorme arco construído na mesma pedra, na extremidade do centro histórico. Lembram que eu havia comentado, no outro blog, essa coisa das “portas” que existiam nos muros que demarcavam os burgos?
Bem embaixo do arco, estava um sujeito parado numa bicicleta. Eu queria tirar uma foto ali, minha, e, como não tinha mais ninguém por perto, pedi a ele. Falei em italiano. Ele respondeu que não podia tirar, pois cobrava dois euros pra sair numa foto, já que era muito bonito. Eu então expliquei que era pra ele tirar uma foto minha, não eu uma dele. Ele concordou. Começamos a conversar.
Era um queniano, negro. Há inúmeros africanos aqui na Puglia, acredito que em virtude da proximidade geográfica. Vi em todos os lugares: Bari, Foggia, Manfredônia, Vieste. Principalmente nas cidades que têm porto.
Eles vêm pra cá em busca de uma vida melhor. Não sei se são “legais”. A maioria trabalha como camelô.
Robert, assim disse chamar-se meu interlocutor, falava um italiano sofrível e pediu pra mudarmos pra inglês. Tá. Me explicou que tem um negócio de taxis no Quênia, que já tem dois veículos. Veio pra cá fazer dinheiro pra voltar e aumentar o negócio. Na realidade, o objetivo dele é ir pra Londres, mas achou mais fácil começar por aqui.
Me disse ainda que os italianos segregam bastante os africanos. Falou que a maioria desses que vi são senegaleses. Há poucos quenianos. Brinquei com ele que deveria se tornar atleta, pois seus compatriotas sempre vencem corridas. Ele respondeu que a situação em seu país é muito ruim para a maior parte da população.
Deve ser difícil. Se os turistas são tratados como são, imagina os imigrantes... que talvez nem sejam legais. Por outro lado, também deve ser complicado ver seu país “invadido”, entupido de gente, mesmo a passeio. É como ter visitas em casa todos os dias...
Robert, no final da conversa, obviamente me convidou pra dar uma voltinha no Café tal, que era um ótimo passeio, não se podia deixar de conhecer e blá, blá, blá... eu, obviamente também, respondi que não e agradeci a sugestão. Aqui, todo homem que troca duas palavras com você, te convida pra sair. Principalmente se ele souber que você é brasileira...
Como a rua tava totalmente vazia, apressei o passo e voltei pro centrão. Em Lecce, você tem que andar com o mapa na mão simplesmente o tempo todo, pois a parte histórica é um labirinto só. Me perdi um pouco, mas acabei chegando.
Ainda dei umas andadas, a hora fantasma tava acabando e a rua enchendo de gente. Mas eu não agüentava mais de cansada. Foi o dia todo uma pauleira. Resolvi voltar pro hotel e tomar um banho. Agora vou descansar, blogar, ver TV e dormir. Amanhã talvez eu vá a alguma cidade aqui por perto, dependendo da minha disposição.
Vou postar umas fotos do dia.
Arrivederci.

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