quarta-feira, 5 de maio de 2010

"Se uno ti dà uno schiaffo sulla guancia destra, tu pórgigli anche l'altra"... (Mt 6, 39.b)

Esta é a versão, em italiano, de uma frase muito famosa - e muito discutida, também, da Bíblia. Trata-se do versículo, encontrado no Evangelho de Mateus, em que Jesus nos propõe oferecer "a outra face" quando sofrermos uma agressão.
Acho que o texto tem mais críticos do que defensores, e eu mesma sempre me incomodei com a ideia. Não conseguia entender a frase senão sob a interpretação mais rasa - e corrente - de que o conselho dado sugeria uma submissão inerte ao sofrimento.
Depois de tantos e tantíssimos conflitos, como acontece com qualquer ser humano ("já não tenha dedos pra contar/de quantos barrancos despenquei/e quantas pedras me atiraram/ou quantas atirei"), comecei a testar o "não-revide", uma prática muito difícil de exercitar. Decidi fazer um esforço para não me defender quando não fosse estritamente essencial. Fazendo isso, percebi que uns 99% dos conflitos, dos meus, pelo menos, resultavam do fato de eu PRECISAR me defender de críticas, agressividade ou qualquer manifestação negativa alheia. Quando comecei a ficar calada, não respondendo a estas provocações, aprendi que deveria exercitar um comportamento ainda mais difícil: não tentar mudar a opinião dos outros a meu respeito, o que implicava, também, pagar todos os preços que isso custava, inclusive PERDER coisas e pessoas... foi difícil...
Mas valeu a pena. Fiquei livre. Pude manter meu foco, apenas, na construção daquela pessoa que queria ser - abrindo mão de esforços para convencer os outros do que quer que fosse, à custa de minha própria serenidade.
Formulei, assim, uma interpretação pessoal para aquela frase do Evangelho. Constatei que era muito, mas muito melhor, pra mim mesma, PERDER UMA BRIGA DO QUE SUSTENTÁ-LA. Vi que uma eventual sensação de vitória, no final, por ter "ganhado a briga" ou dado a última palavra, era um bônus muito pequeno, comparado a tudo o que havia perdido, mantendo-a.
Enxergar as coisas dessa forma me deixou feliz. Como sempre - e já havia falado isso no blog anterior -, tudo o que Deus me pede é pra mim, não pra Ele. Ele já é Deus, não precisa de nada... eu é que precisava entender o que era ter "paz no coração, não obstante"...

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