domingo, 14 de fevereiro de 2010

Nunca me esquecerei deste acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas...

Meu segundo blog. Outra viagem à Itália.

Na anterior, em meados de 2009, sabia que voltaria. Sabia tanto que já saí de lá com a passagem de volta comprada - e não foi nada planejado. Aconteceu só porque eu não queria retornar pela mesma companhia aérea que tinha usado na ida, devido ao acidente. Mas, quanto mais o tempo passava, mais eu tinha certeza de que em 2010 estaria na Itália de novo - e, principalmente, de que esta viagem seria uma continuação do "Caminho"...

Quando fui fazer o Caminho de Francisco, meu pai já estava doente. Mesmo assim, pude aproveitar a presença dele em minha vida durante mais alguns meses. Estávamos sempre "ligados" durante a viagem, ou por telefone, ou pelo blog. Ele fez essa viagem comigo.
E agora eu sei que preciso voltar à Itália, a Assis, por causa dele. De mim, também, é claro, mas do que tem em mim por causa dele.

Faz menos de uma semana que ele se foi. Meus sentimentos em relação a isso são, ainda, confusos e inexplicáveis. Predominam um alívio pelo fim dos seus sofrimentos e uma saudade tão, mas tão, mas tão infinita que não tem como colocar em palavras. Saudade das pequenas coisas... das grandes. Saudade que só conhece algum alívio quando eu percebo em mim tantas coisas do meu pai. E nunca tinha me dado conta disso. Quando, no fim, os detalhes que distraíam minha atenção foram afastados, concluí que quase tudo o que eu sou veio do que aprendi com ele. Ou por causa dele.

Já comentei sobre aquele poema do Drummond, "No meio do caminho". Falei disso no blog anterior, sobre a percepção cada vez mais clara de que a única coisa realmente definitiva em minha vida era o caminho. Mas falei também das pedras, das pedras que passam, ou, mais ainda, das que não passsam - e ficam gravadas na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei do meu pai. De tudo o que ele foi e é neste caminho. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra...

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